Contemplação


Sobrevoo o lago parindo o caldulento banho de rosas, folhas e orvalhos que beiram a sua margem. O por do sol amarelo ouro se deleita sobre as águas mansas. O brilho suave desse toque me faz sentir o sopro da vida. A brisa leve sussurra o som de sino, um som pulsante das miudezas dos bichinhos, das flores, das árvores e dos pássaros na sua sinfonia orquestral.  
Num instante imperceptivel, abro os olhos, os sons entram na água e na terra, meu corpo submerso movimenta.  Em instantes  desaparece. As aguas me fazem subir à superfície. Lentamente pairo sobre o movimento das ondas agora prateadas. Sinto profunda quietude, me dissolvo nesse olhar. Sou testemunha do elo de amor de todas as matérias: eter, ar, fogo, terra e água. O sorriso do meu rosto flutua nas águas, se molha nas águas, como um deleite. Rio para depois virar mar. O mar aparece com sal para podermos nos limpar.  Chega envolto da crosta terrestre. Eu saúdo e miro retornando para a terra. Vislumbro. Sou observador, sou a cena, sou o lago, sou a lesma, o lodo, as folhas apodrecidas,  sou a serpente que ronda, sou a andorinha que voa. 
As aguas balanceiam.
Alessandra Franco.

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