Des-medida

Texto datado de 2013


De tempos em tempos  
Me vejo revirada
Fora de ordem
Sem lógica, sem rumo
Me achando em desencontros

Em emaranhados de ciclos intermináveis
Circunferências, losangos
Espirais e pirâmides
Desenhos abstratos
Física quântica 


Em outros momentos me acho em exatidão
Em linha reta, em transversal, em vértice
Vertiginosa...
Entre pontos e  vírgulas, entre parênteses
Numa medida exata, decifrável como um filme “sessão da tarde”

Demasiadas vezes, me oculto e submeto em intangibilidades
Viro folhagem camuflada
Dissolvida no rio que muda de cor  
Do turvo ao transparente, do caldo para a massa
Aderindo a mistura

Sinto me transfigurar como comida na boca de alguém
Misturando a saliva e o alimento
Como o doce com biscoito, gostoso
Mas por vezes, como o leite na água
Insosso e sem gosto

Abro e fecho, deixo a porta meio aberta
Nesse  compasso, me perco e me acho na medida ou desmedida
Cheia de Essência
Com centrada ou não, densa ou superficial... 
Vou me achando

As vezes sem chão, sem lado
Sem alça, sem calçado  
Com o tempo...
Passo e re-compasso
Esperando a próxima oitava...  

Alessandra Franco


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