cidadela


Um  duelo  entre rainhas e guerreiras  operárias de um reino, 
acontecia num mundo a parte...
na terceira onda da milésima parte  da 13 dimensão  

As rainhas em tapetes vermelhos  andavam 
cetins e seda,  colares de madeira
contas de pérolas 
pedras de safiras

incontáveis eram suas rendas e sapatos de bonecas
aplausos... corriam no salão
em dia de valsa e desfile

nesse castelo as operárias, que lutavam para proteger a cidadela 
vestindo vestes rasgadas, bolsos vazios e saqueados, 
peles vermelhas e bustos cansados.

não pensavam em maridos e reis ao seu lado. 
somente queriam honrar sua cidade e seu povoado

aprenderam logo cedo o valor da cooperação, trabalho, dignidade, honra, nobreza e do coração forte.  As operárias trabalhavam muito 

e até  forjavam os rostos das  pequenas deusas em suas armaduras  como prova de dedicação. Em contrapartida, as deusas rainhas , frívolas e fracas de espírito, não valorizavam o árduo trabalho de  suas guerreiras  e com isso o reino começou a romper em desequilíbrios devastadores...  

As pequenas guerreiras da selva procuravam mudar o rumo das coisas,  pois tinham como meta  manter a  paz que tanto lutaram para  conquistar. E  não se entristeciam em servir ao seu povo. 

Nesse impacto, os ventos trouxeram algumas respostas ... 

As operárias , após pactuarem entre si que fariam preces e jejuns diários na montanha, escutaram os ruídos e os sons do destino trazidos pelo vento ... 

Entenderam que as deusas, desde terna idade,  são formadas de ouro derretido com  fogo ardente,  gota de  fel e de amores conflituosos sem  muita paixão, com busca de poderes. E por isso, elas são amaldiçoadas desde pequenas. 

Lhes faltara a água, o ar,  a terra , a mata verde... densa..  para trazer paz de espírito e fortaleza de alma. Ingredientes que dão o ponto. Neutralizam no momento certo o fogo intenso,  e frutificam a terra. 

O mau agouro era a  transformação das deusas em seres estranhos de pés chatos para aprender a caminhar com força e dor, com mãos pequenas que não  deixariam pegar coisas e comer. pernas pela metade, cada um em uma parte do corpo.
e com olhos grandes e eficazes que as faziam enxergar a dor do mundo e de si mesmas de forma intensa e latejante. 

As guerreiras após descobrir um grande  segredo: que todas as deusas foram suas mães em outras vidas, e ao ver  esse triste fim  que as belas narcisistas  teriam,  decidiram 
mudar o destino que as figuras da selva mostraram . 


Nesse impasse, as guerreiras resolveram costurar por anos a fio com fibras de caules das árvores e seivas dos caules, orvalhos das folhas e pólen das flores... para  esculpir a deusa maior em um ponto mais alto da floresta. E também,  decidiram que  para manter a proteção do lugar, deveriam perder suas próprias vidas em algumas guerras. 

Após a primeira transformação das deusas , que passaram a ansiar pelo sossego da simplicidade, e após inúmeros  arrependimentos pela vida que levavam , por escravizarem-se em caminho  pífios , derramaram lágrimas e suaram.. Voltaram a trabalhar em prol de muitas coisas, conquistaram carinho e admiração das pessoas. 

Mas mesmo assim, tudo era uma sofrida busca... Onde o sucesso ou falta dele, nem estavam mais em voga. Deusas pobres deusas ... Viviam agora a  doce vendeta .  
Mesmo sem sentir falta de suas fadas de condão, de seus tapetes  e seus prumos, beldades, ouros, cortejos ... Queimaram por  dentro durante  anos a fio. 

E com isso, formaram juntas, em suas preces na floresta, uma forte lareira no coração da floresta. Labareda esta que via-se por toda parte... Por fora da cidade, de longe... 
Até na via lactea... 

Viraram  estrela da manhã... E iluminaram os corações dos fortes ...

Passaram de deusas para fogo e estrela. Juntaram como em caldeirão e rumaram para os ceús... Onde reinaram novamente... De uma forma diferente.




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